sábado, 9 de junho de 2012

Resenha: Predadores


Capa
Autor: Alexandre Heredia
Editora: Tarja Editorial
Origem: Brasileira
Ano: 2010
Edição: 
Número de páginas: 252
Sinopse: Dante é um repórter da noite em busca de realização profissional e pessoal.
Eva é uma promotora de casa noturna atrás de exposição. 
Ian é um executivo recém-divorciado em crise de meia-idade tentando recuperar a juventude perdida. 
Pessoas comuns com histórias diversas que se entrecruzam no Vrykolakas, uma casa noturna no centro de São Paulo, repleta de perigos ocultos sob as luzes e a badalação, enquanto Radu, o enigmático proprietário da casa, testa os limites morais e éticos de cada um para descobrir até que ponto eles estão dispostos a chegar para concretizar seus objetivos.
Um jogo maquiavélico e macabro em que até os vencedores terão que abrir mão da própria alma.
Uma história atual que mistura vida, ambição e morte, com altas doses de sensualidade, em uma trama com a qual muitos irão se identificar. Para o bem ou para o mal. Afinal, quem poupa esforços para realizar seus maiores desejos?
Onde comprar? Tarja Livros.


Book Trailer:

P.S: Esse Book Trailer é de quando o livro foi lançado pela Editora Multifoco.

Análise:

“—Agora, minha querida, a noite é toda nossa – sussurrou ele em seu ouvido, com a voz macia e sensual de sempre.”
—Pág. 8. 

Alexandre Heredia
Saudações, caríssimos leitores do Policial da Biblioteca! Venho dividir com vocês os meus sentimentos por uma história profundamente visceral. Um livro que dialoga sobre impulsos básicos, sobre aquela sujeira que às vezes teima em aderir ao espírito de nossa sociedade e que às vezes atormenta a nossa mente e turva os nossos julgamentos, nos transformando em verdadeiros animais em busca de saciar os nossos desejos que amiúde podem assumir os traços mais sombrios que uma mente humana pode conceber. Em meio ao concreto, metal, som alto, luzes de várias cores e alguns drinques, até mesmo de líquidos mais densos que o vinho, vos convido a adentrar na Vrykolakas comigo.
A narração do livro é completamente feita em terceira pessoa e isso deixa completamente a cargo do leitor julgar a natureza dos eventos e sobre as intenções verdadeiras de cada personagem, pois nem todas as ações são expressões sinceras das vontades dos personagens que encontramos no decorrer das páginas. Esse foco narrativo encaixou perfeitamente na trama e a neutralidade com que Alexandre conseguiu narrar as ações dos personagens, sem uma visão maniqueísta dos indivíduos, mostra que estamos de frente com uma obra na qual o leitor é verdadeiramente incentivado a “dialogar” com os personagens, representações de tipos humanos que podemos encontrar facilmente pelo mundo, sem um intermediário que age como um ditador decretando o que é certo e errado, definindo assim o exato alinhamento de cada peça do tabuleiro.
Os personagens não são pessoas que se preocupam em provar algo para o leitor, seja sobre a firmeza de seus caráteres ou objetivos, eles parecem dotados de uma força própria que os move nas direções mais diversas, contudo no livro encontramos com alguém que adora agir como um manipulador de fantoches com as demais pessoas, mas de uma forma sutil, algo como sussurros que se acumulam em nossos ouvidos até se transformarem em gritos dentro de nossos crânios que depois de um tempo queremos arrebentar somente para aliviar a pressão. Acredite, a trama é muito forte e envolvente.
Agora se o que você busca em termos de vampiros são enredos onde os seres noturnos sejam amantes formidáveis, cavalheiros refinados que cobrem as donzelas de inúmeros elogios, ajam com uma etiqueta extremamente refinada e sejam bondosos em seus gestos...passe longe! Em “Predadores” o que vemos é o sangue pulsando quente em seu vigor mais primitivo e feras que desfilam em corpos belos, mas transmissores de um mal irremediável que tragará sua alma para o mais aterrador abismo caso você prove dele.
A trama inicialmente está dividida em duas partes, aparentemente independentes, mas que mais a frente se mostram complementares. Não irei dizer mais como isso é estruturado para não estragar a surpresa dos leitores, afinal em minhas resenhas me preocupo em evitar qualquer spoiler e me ater a transmitir as impressões que o texto me causou, ou seja, avaliar o que importa: a narração e o que é narrado. O que posso dizer é que essa cisão inicial na história faz o livro ficar dinâmico, pois o leitor se envolve em dois mistérios, duas linhas de suspense, o que torna impossível o tédio, não que qualquer um dos dois eventos (cenários) seja cansativo, muito pelo contrário, acho que cada um até poderia render um livro único.
O Alexandre sabe colocar simbolismo na descrição de cenários e alimenta a nossa imaginação também com algumas indiretas quando fala sobre a fisionomia, jeito de se vestir, maneira de falar e expressões corporais dos personagens. O livro é uma experiência essencialmente mental na qual transformamos o texto estático em figuras que se movem no nosso cérebro, quase se materializando frente a nossos olhos quando a imaginação é poderosa, e “Predadores” consegue desenvolver uma força impactante e com certeza foi um dos livros deste ano, até o momento, que mais conseguiu me transportar para vários ambientes e me tornar presente em cada um deles com a mesma intensidade. Quando falo de estar presente na cena de um livro me refiro ao fato do autor conseguir explorar todos os sentidos para descrever um lugar e arrebatar o leitor não somente pela mente, mas pelo corpo e espírito. Recomendo que fiquem bastante atentos durante a leitura, pois diversos detalhes podem ser encontrados nos cenários que falam muito sobre a história e muitas ideias e sentimentos estão nas entrelinhas. Nada foi colocado nas páginas por um acaso, tudo é uma peça milimetricamente planejada e lapidada, pelo menos essa é a sensação que se fica após a leitura.
Os personagens conseguem ter um grande desenvolvimento, se transformam muito enquanto lemos e no desfecho possuem personalidades completamente distintas das que apresentavam no início, mostrando que verdadeiramente houve movimento na trama e fazendo os personagens se tornarem criações críveis. As viradas na história também são inúmeras e o leitor não consegue muito tempo livre para ficar se distraindo com outras coisas. Os olhos vão clamar pelas letras desta obra, assim como os vampiros são seres sedentos pelo sangue e o ar noturno. Recomento este livro! Se deliciem com uma belíssima obra e se perguntem: Predadores ou presas? O que vocês são? O que você deseja? Até onde iria por isso? Boa leitura à todos e até outro momento!


P.S: Os eventos narrados nesse livro continuam em "Emboscada".


2 comentários:

  1. Suas resenhas estão ficando cada vez melhores! Sério mesmo.
    Não é o meu estilo de leitura preferido, mas do jeito que vc o minuciou na resenha, quero ler!
    Gostei de terem duas partes aparentemente sem relação, mas que no final fazem sentido. Adoro o elemento surpresa.

    Parabéns, querido!

    Beijão!

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    Respostas
    1. Obrigado pelas palavras, Gleice. Sempre tento manter uma qualidade nas resenhas. Que legal! Se esse não é o seu tipo de leitura preferido, mas a minha resenha lhe deixou com vontade, é sinal de que a minha análise teve sucesso :D Fico tão alegre com isso! Sim, também gosto de história que possuem vários focos e fazem o leitor ficar pensando onde tudo vai se encaixar e o vai se formar quando isso ocorrer.

      Agradeço também aos seus conselhos, Gleice. Vendo seus vídeos e lendo as suas resenha aprendo bastante.

      Beijos!

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