Capa |
Editora: Novo
Século
Origem: Brasileira
Ano: 2012
Edição: 1ª
Número de
páginas: 352
Sinopse: Um ano após o acidente que interrompeu a
gravidez de Nilla e sentindo-se culpado pela iminente separação, o repórter
Daniel Sachs recebe um pedido de socorro incomum de sua ex-mulher e descobre
que ela desapareceu em Veneza durante a cobertura de um show de ilusionismo.
Seguro de que é o único que pode ajudá-la, ele parte em busca do resgate da fotógrafa e, consequentemente, a correção de todo passado. Porém, pistas misteriosas dão indícios de que o desaparecimento de Nilla possa estar ligado a um novo tipo de comércio ilegal na cidade – a produção de filmes snuff.
Incerto das próximas ações, Daniel enfrentará uma série de obstáculos e revelações imprevisíveis até chegar ao clímax arrebatador.
Seguro de que é o único que pode ajudá-la, ele parte em busca do resgate da fotógrafa e, consequentemente, a correção de todo passado. Porém, pistas misteriosas dão indícios de que o desaparecimento de Nilla possa estar ligado a um novo tipo de comércio ilegal na cidade – a produção de filmes snuff.
Incerto das próximas ações, Daniel enfrentará uma série de obstáculos e revelações imprevisíveis até chegar ao clímax arrebatador.
Book Trailer:
Análise:
“Intermináveis segundos se
passaram, vendo a mão [...] se aproximar. O ar escapuliu dos pulmões. Torcia
para desmaiar antes que a lâmina o atingisse, mas sabia que não aconteceria. E
mesmo que acontecesse, o homem faria de tudo para acordá-lo. Queria vê-lo
sofrer, senão, qual era a graça?”
—Pág. 269.
Felipe Colbert |
Saudações, caríssimos leitores do Policial da Biblioteca! A
resenha de hoje é especial, pois este foi um livro que realmente me deixou
fascinado, não que todos os anteriores, deste ano, não me deixaram, mas este em
particular conseguiu me capturar não somente pelo gênero da história
(suspense), mas pela maneira como comecei a enxergar exatamente detalhes que
sempre admirei em histórias policiais e o impressionante modo como cada virar
de páginas me deu a impressão de estar sempre na mesma página, algo grandioso,
pois a história fluí tão bem que a leitura se mantém num ritmo constante, não
por uma quantidade exacerbada de ação, mas pela narração do Felipe que lhe
envolve em cada sutileza da trama, mas vamos caminhar mais um pouco por esta
obra e tentar explicar melhor as coisas.
Com o início do livro, podemos pensar que o autor já pretende
nos jogar no meio da fogueira e fazer o nosso desejo pela história começar em
um ponto do enredo já quentíssimo, porém isso é somente um aperitivo do que
está por vir. Obviamente que a curiosidade de qualquer leitor é atiçada com a
cena e em uma história de suspense, onde as aventuras em busca de pistas é um
dos pontos altos, acabamos já iniciando o exercício de nossa imaginação
pensando: “O que é isto? Qual o seu sentido?”. Após nos permitir experimentar
uma singela porção do ápice da história, Felipe opta por nos elucidar um
acontecimento “simples”, mas que se tornou fundamental em todos os eventos
futuros do livro. Com essa cena elucidativa conhecemos Daniel Sachs e sua, na
época do ocorrido, esposa Nilla. Essa cena me fez sentir uma leve antipatia,
mas posteriormente pena de ambos os personagens, pois fiquei impressionado como
uma discussão por motivo tão banal foi estopim para algo tão trágico. A minha
antipatia pelos personagens foi nutrida pela motivação tão frívola para a troca
de palavras ácidas, contudo depois reconheci o quanto às vezes todos nós somos
assim, não medimos as consequências de nossos pensamentos externados e acabamos
gerando algo que foge de nosso controle e o próprio acaso ainda se
responsabiliza por tornar tudo ainda pior.
Conforme fui avançando em minha leitura percebi o quanto os
personagens de “Ponto Cego” são figuras verdadeiramente dotadas de propriedades
humanas e não apenas ícones pouco atrativos e com um sabor amiúde intragável
por serem tão “certos”, impossibilitando que o leitor sinta uma sincera empatia
pelos personagens e acabe desenvolvendo fortes sentimentos, coisas que só são
possíveis em histórias maduras que saibam administrar o espírito humano, um elemento
extremamente maleável. Sendo assim, Felipe explora várias possibilidades do ser
humano e com isso torna cada um dos personagens absolutamente únicos,
entretanto, como alguns poderiam esperar, os personagens não são moralmente
perfeitos ou indivíduos com convicções sempre claras, os contornos oscilam e
nos permitem observá-los por perspectivas que eles mesmos tentam camuflar para
as demais pessoas. Todos temos peculiaridades que não convém compartilhar com a
sociedade e em sua narrativa é o que Felipe permiti que vejamos em suas
criações. O maior exemplo disto provavelmente é o Investigatore Giuseppe Pacino. Com Pacino vemos um humano
profundamente crível, talvez alguns o achem digno de pena, outros vão considera-lo
um fracassado, mas o importante é levar em consideração toda a sua formação
espiritual e mental, além do contexto em que ele está inserido.
Pacino é um detetive que usa o álcool como meio para fugir da
imundície que permeia atualmente as ruas da Sereníssima (Veneza) e a questura (polícia). Com isso deduziríamos
que o detetive seria alguém amargurado com a sua profissão e isso está certo em
parte, porém o seu senso de justiça ainda está vivo, apesar de que um pouco
distorcido, segundo a avaliação de algumas pessoas, e isso o faz assumir o ar
de um anti-herói que com certeza todos vão acabar admirando. Mesmo usando
maneiras brutas em seus enfrentamentos com situações de tensão e quase botando a
perder muitas coisas, o Investigatore Pacino
é uma peça fundamental nesse tabuleiro e foi muito bom acompanhar as suas
frustações e consequentemente mergulho em garrafas de bebida, o infortúnio
profissional se desenvolve no mesmo passo em que sua degeneração física e
psicológica, mas Felipe nos surpreende com a maneira como acaba trabalhando
esse personagem nas últimas páginas.
O primeiro contato em Veneza que traz um leve conforto para
Daniel é a bela Paola, uma simpática mulher que em conjunto com seu irmão,
Gino, são proprietários do hotel em que Nilla estava hospedada antes de
desaparecer e no qual Daniel acaba ficando também. A figura feminina de Paola
acaba acrescentando um tempero a mais ao livro, pois a sua parceria com Daniel
funciona com grande harmonia e não cai no óbvio, sem maiores detalhes para
evitar spoiler. Gino, apesar de ser um personagem secundário, também tem o seu
peso na história. Nada é mero capricho nesse livro, tudo foi colocado na obra
milimetricamente, e ao concluir a leitura vocês vão concordar comigo. Eu não
esperava menos de uma pessoa que trabalha com estruturação de romances e já
passou por um mercado editorial estrangeiro antes de vir com a obra para o
Brasil.
Quando descobrimos o que está acontecendo nos canais de
Veneza é inevitável que fiquemos boquiabertos, pois pelas belas ruas da
Sereníssima, durante o carnavale, alguém
desconhecido, assim como as centenas de pessoas mascaradas que buscam o prazer
nesta época na cidade, está raptando mulheres para a produção de filmes snuff. A questão dos filmes snuff é apresentada ao leitor com toda
sua pungência, apesar de que as cenas com mais sangue não são banhos de sangue
como nos filmes slasher dos anos 80 e 90, por exemplo. Na verdade a violência
declarada, as cenas de tortura, não são tão pesadas. Desculpem-me, mas é que
estou habituado a filmes e livros violentos, portanto, para mim, as cenas
sanguinolentas não foram tão impactantes, contudo o caráter maléfico dos
envolvidos nesse comércio da morte transborda pelas páginas e uma das últimas
cenas do livro deixa isso ainda mais forte, pois adentramos, literalmente, na
toca do “mal”, um lugar escuro, fétido, sujo e que causa claustrofobia e um
medo quase paralisante. A aliança entre o cenário e o tema foi perfeita, não
consigo encontrar uma palavra que possa transmitir melhor o meu sentimento. Ainda
é aberto um espaço para interpretarmos os filmes snuff como uma metáfora para o
culto ao prazer doentio em nossa sociedade, pois quantos casos não ouvimos ou
presenciamos de acidentes em que as pessoas ao redor se preocupam antes de
sacar os seus modernos celulares para capturar o momento ao invés de chamar o
socorro? Talvez algumas pessoas que estejam perto de nós não sejam tão
diferentes dos assassinos que comercializam estas macabras produções, inclusive,
durante o livro, ficamos sabendo do envolvimento de pessoas dos mais variados
setores de nossa sociedade na aquisição das fitas.
Quando achamos que o livro chegou no ponto de repouso para
que o final se concretize, somos surpreendidos novamente com uma revelação imprevisível
e que deixará tudo com um novo significado. “Ponto Cego” é uma obra
surpreendente, empolgante, muito bem escrita, em resumo, um delicioso banquete
literário! Recomendo à todos o livro! Boa leitura! Abraços e até outro momento.
Ótima resenha, querido. Parabéns mesmo, analisou os pontos principais e captou a essência do livro.
ResponderExcluirSó achei um cadinho grande demais...hehehe
Beijooooos
Gleice
www.murmuriospessoais.com
Obrigado pelo comentário, Gleice. Sempre tento fazer resenha bem estruturadas. Realmente, a resenha ficou grande xD Da próxima vez vou tentar me controlar.
ExcluirBeijos!
Olá Coração!
ResponderExcluirAMO SUSPENSE! *-*
Você disse uma coisa legal na resenha: Que o autor nos deixa olhar com os olhos do assassino... OMG!
Sempre que leio um livro narrado em primeira pessoa sinto como se tudo aquilo estivesse acontecendo comigo...
Imagina só... Matar alguém... Torturar por diversão!?!?
Sei que esses não pensamentos de gente normal....
É que as vezes vejo umas coisas tão horriveis, que fico com taaaanta raiva e acabo tendo esses pensamentos maldosos...
Mas vou guarda-los para meu conto.
Tenho certeza de que vai gostar!
Beijokas!
Olá, Anny *-*
ExcluirSim, nós compartilhamos um grande amor por esse gênero :D
É, muito intrigante pensar por essa perspectiva. Isso deixa justamente tudo mais perto e nos cativa.
Sim, normal às vezes termos muita raiva de algo e imaginar, todo mundo faz isso, mas o separa a patologia da pura imaginação é a concretização do ato, ao menos é assim que penso.
Sim, estou muito ansioso pelo seu conto :)
Beijos!
Nunca tive a oportunidade de ler esse livro (e nem nada do autor em questão), mas a premissa me pareceu interessante. Parece que tem uma trama bem entrelaçada e faz tempo que não leio algo que valha a pena nesse quesito. Espero me surpreender, pois independente de ganhar ou não o concurso eu vou comprar esse livro rs.
ResponderExcluirSim, Edi, o romance do Felipe é extremamente bem estruturado, ele trabalha com isso e não esperava algo diferente, mas ele também surpreende por outros motivos que citei na resenha. Isso mesmo, leia, mesmo que seja comprando depois, e depois me diga se o que disse não é verdade. kkkkkkkkkkkkkkk
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