quarta-feira, 6 de junho de 2012

Resenha: Garota Replay

Capa
Autor: Tammy Luciano
Editora: Novo Conceito
Origem: Brasileira
Ano: 2012
Edição: 1
Número de páginas: 144
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
Skoob
Sinopse: Thizi é uma garota do bem, apaixonada pela vida. Mas, após uma madrugada trágica, sente que tudo à sua volta desmorona. Descobre que Tadeu, seu namorado, beijou uma garota em uma noitada e quebrou o nariz de Tito, melhor amigo de Thizi, quando soube que ele fotografou a prova da traição. Na mesma noite, Tadeu dirigiu bêbado e causou grave acidente, que deixou o amigo Gabiru em coma.  Em meio a tanta decepção, Thizi encontra uma Replay de si mesma, uma igual. Agora, não mais a única do planeta, ela se sente a pessoa mais solitária do mundo e precisa entender que só o amor tem o poder de provocar as melhores mudanças. 

Book Trailer:



Análise:

“Por que minha vida estava tão confusa e cheia de emoção? Por que minha cabeça pesava tanto? Por que eu não ia para o calçadão caminhar como todo mundo? Por que um desânimo poderia me levar a dormir para sempre?”
—Pág. 45.

Tammy Luciano
Saudações, caros leitores! Esta resenha será um pouco diferente das que costumo fazer. Não, não será uma questão de estrutura do texto, mas sim de gênero. É o seguinte: eu sou um leitor grandemente devotado ao terror, suspense e fantasia, não necessariamente nessa ordem, logo vocês podem concluir que a trama de “Garota Replay” não seja algo que fizesse parte de minhas leituras, porém penso que é benéfico para quem almeja analisar livros de forma sempre mais apurada não se restringir tanto quanto ao que lê, pois quando exercitamos um músculo de várias formas ele se torna mais potente e não é diferente com o nosso senso crítico e percepção de estilos. Compreendem? Não esperava muitas coisas de “Garota Replay”, decidi lê-lo mais para conferir o que ele tinha a oferecer e qual a razão para tantas impressões distintas e um forte debate sobre esta obra em diversos blogs, mas devo admitir que este livro me surpreendeu em alguns pontos e possui qualidades que merecem serem destacadas.
Um ponto que dividiu muitas resenhas foi justamente o primeiro aspecto do livro, a capa. A arte da capa é claramente bem diferente do que a Novo Conceito costuma fazer com os seus lançamentos. O desenho pode ser interpretado como algo disforme que faz a beleza do livro como produto comercial diminuir, porém devemos considerar que a capa é uma construção feita a partir do que as páginas abrigam, ou seja, a capa reflete o que as letras tornam “real”. A personagem que vemos exposta na capa do livro possui um rosto assimétrico e um corpo excessivamente magro e com aspectos estranhos (um pescoço muito alongado, por exemplo). Estes elementos podem parecer frutos de um capricho para olhares menos atentos, mas com o início da leitura vi que cada detalhe casa perfeitamente com a história e o rosto assimétrico de Thizi (protagonista) passa a ser uma representação visual da desorientação que ela está sofrendo. Definindo a capa em uma única palavra...boa.
O livro é completamente narrado por Thizi e as suas palavras são sempre uma visão parcial das coisas, isso fica evidente na maneira como ela analisa, mede e reflete sobre o que a cerca. Para deixar isso mais evidente são usadas várias vezes os nomes de atores, bandas etc que as adolescentes costumam cultuar para esclarecer sentimentos. No início Thizi, para retratar a sua confusão mental, chega a dizer que se sentia como se Brad Pitt, Robert Pattinson e Ashton Kutcher não fossem os caras mais belos do mundo. Achei isso algo fútil? Sim, mas bem...estava conhecendo uma personagem que seguia uma lógica completamente diferente da minha e como leitor sei que devemos procurar saber qual a proposta do autor e somente depois disso julgar o que é ou não bem feito. Achei que Thizi fica bem enquadrada no que o livro se propõe a dizer e sua maneira de falar e pensar não é tão diferente do que podemos ver ao sair pelas ruas. Outra coisa interessante é que o narrador é alguém evidentemente do futuro, logo o leitor sabe que seja qual for a situação de Thizi nesse tempo, ela claramente se tornou alguém muito diferente. O que nos cabe, como leitores, é saber como foi essa jornada.
Apesar de ser uma garota inicialmente com muitos conceitos de vida clichês, Thizi consegue ter momentos de grande destaque e desenvolver raciocínios que me fizeram ter mais interesse pelo livro. Alguns desses momentos são quando ela questiona a ausência dos pais que constantemente estão em viagem pelo mundo e tentam substituir a falta de afeto e presença em datas importantes, como o aniversário dela, com objetos materiais (carros etc), entretanto esses instantes são quebrados muito drasticamente quando ela começa a retornar para a letargia do luxo que preenche a sua vida.
O que me irritou bastante em Thizi foi que apesar dela saber quais são os seus problemas e quais os caminhos para solucionar, insiste inúmeras vezes em procurar rotas e coisas que a afastam da solução e deixam tudo ainda mais difícil e sempre que isso acaba acontecendo ela encontra a sua Replay. A Replay, desde a sua primeira aparição, ficou claramente definida para mim como sendo uma manifestação material do estado conturbado em que Thizi estava. Essa cópia é uma versão melhorada de Thizi, uma maneira de ser à qual ela mesma aspirava e de forma temerosa acontece um contato entre as duas que mudará o rumo de tudo o que está por vir e fará com que Thizi realize um trabalho de introspecção durante o qual irá se conhecer verdadeiramente.
No livro há também uma história romântica. Na verdade é um triângulo amoroso. Este triângulo é formado por Thizi, o namorado Tadeu e seu melhor amigo Tito. Tadeu é um rapaz arrogante e mulherengo que após ter se acidentado de carro e estar internado no hospital tenta consertar a sua situação com Thizi. O namoro de Thizi é uma relação na qual não conseguimos encontrar motivos para existir mesmo e isso deixa o leitor ainda mais com vontade de gritar com a garota teimosa que persiste no erro de não enxergar que o amor que ela procura estava ao seu lado sempre na forma do amigo Tito. Tito é coberto de mil elogios por Thizi e isso se tornou extremamente cansativo no livro. Tudo bem que a intenção era reforçar as impressões da garota pelo amigo, mas acho que repetir demais deixou o texto entediante às vezes e de vez em quando tive vontade de abandonar o livro quando a repetição ficou frequente. Outra coisa que me deixou aborrecido com o livro é que Thizi se coloca demais como vítima e acho que isso foi desnecessário, já que o leitor pode tirar as suas próprias conclusões a partir do que é narrado e sinceramente não consegui ter um pingo de pena de Thizi, ela que escolheu passar por todo o sofrimento com as suas escolhas errôneas.
O livro tem uma mensagem até interessante no final, mas não é uma “lição” para um leitor adulto, mas algo voltado para adolescentes, ou seja, “Garota Replay” é um livro pensado para adolescentes e acho que ideal para eles, mas não é uma obra que indicaria para leitores com mais de 20 anos ou já acostumados a leituras mais densas e maduras. O estilo de escrever da Tammy é muito bom, já que me fez terminar um livro que se fosse escrito de uma maneira diferente talvez nem terminasse e ela possui talento suficiente para nos brindar no futuro com uma publicação voltada para um público que busca outro tipo de romance, algo condizente com leitores mais experientes. Boa leitura à todos! Abraços! Até outro momento!

2 comentários:

  1. Ednelson, fico muito feliz que curtiu Garota Replay. Obrigada pela avaliação tão bacana! Ainda mais sucesso para o seu Blog!
    Bjinhos. Tammy
    www.tammyluciano.com.br

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    Respostas
    1. Por nada, Tammy. Espero que a minha análise possa ser útil de alguma forma e aguardo pelos seus próximos lançamentos. Sucesso para ti também!

      Beijos!

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