Capa |
Editora: Novo Conceito
Origem: Brasileira
Ano: 2012
Edição: 1
Número de páginas: 144
Acabamento: Brochura
Sinopse: Thizi é uma garota do bem, apaixonada pela
vida. Mas, após uma madrugada trágica, sente que tudo à sua volta desmorona.
Descobre que Tadeu, seu namorado, beijou uma garota em uma noitada e quebrou o
nariz de Tito, melhor amigo de Thizi, quando soube que ele fotografou a prova
da traição. Na mesma noite, Tadeu dirigiu bêbado e causou grave acidente, que
deixou o amigo Gabiru em coma. Em meio a tanta decepção, Thizi encontra uma Replay de
si mesma, uma igual. Agora, não mais a única do planeta, ela se sente a pessoa
mais solitária do mundo e precisa entender que só o amor tem o poder de
provocar as melhores mudanças.
Book Trailer:
Análise:
“Por que minha vida estava tão confusa e cheia de emoção? Por que minha
cabeça pesava tanto? Por que eu não ia para o calçadão caminhar como todo
mundo? Por que um desânimo poderia me levar a dormir para sempre?”
—Pág. 45.
Tammy Luciano |
Saudações, caros leitores! Esta
resenha será um pouco diferente das que costumo fazer. Não, não será uma questão de estrutura do texto, mas sim de gênero. É o seguinte: eu sou um
leitor grandemente devotado ao terror, suspense e fantasia, não necessariamente
nessa ordem, logo vocês podem concluir que a trama de “Garota Replay” não seja
algo que fizesse parte de minhas leituras, porém penso que é benéfico para quem
almeja analisar livros de forma sempre mais apurada não se restringir tanto
quanto ao que lê, pois quando exercitamos um músculo de várias formas ele se
torna mais potente e não é diferente com o nosso senso crítico e percepção de
estilos. Compreendem? Não esperava muitas coisas de “Garota Replay”, decidi
lê-lo mais para conferir o que ele tinha a oferecer e qual a razão para tantas
impressões distintas e um forte debate sobre esta obra em diversos blogs, mas
devo admitir que este livro me surpreendeu em alguns pontos e possui qualidades
que merecem serem destacadas.
Um ponto que dividiu muitas resenhas
foi justamente o primeiro aspecto do livro, a capa. A arte da capa é claramente
bem diferente do que a Novo Conceito costuma fazer com os seus lançamentos. O
desenho pode ser interpretado como algo disforme que faz a beleza do livro como
produto comercial diminuir, porém devemos considerar que a capa é uma
construção feita a partir do que as páginas abrigam, ou seja, a capa reflete o
que as letras tornam “real”. A personagem que vemos exposta na capa do livro
possui um rosto assimétrico e um corpo excessivamente magro e com aspectos
estranhos (um pescoço muito alongado, por exemplo). Estes elementos podem
parecer frutos de um capricho para olhares menos atentos, mas com o início da
leitura vi que cada detalhe casa perfeitamente com a história e o rosto
assimétrico de Thizi (protagonista) passa a ser uma representação visual da
desorientação que ela está sofrendo. Definindo a capa em uma única
palavra...boa.
O livro é completamente narrado por
Thizi e as suas palavras são sempre uma visão parcial das coisas, isso fica
evidente na maneira como ela analisa, mede e reflete sobre o que a cerca. Para
deixar isso mais evidente são usadas várias vezes os nomes de atores, bandas
etc que as adolescentes costumam cultuar para esclarecer sentimentos. No início
Thizi, para retratar a sua confusão mental, chega a dizer que se sentia como se
Brad Pitt, Robert Pattinson e Ashton Kutcher não fossem os caras mais belos do
mundo. Achei isso algo fútil? Sim, mas bem...estava conhecendo uma personagem
que seguia uma lógica completamente diferente da minha e como leitor sei que
devemos procurar saber qual a proposta do autor e somente depois disso julgar o
que é ou não bem feito. Achei que Thizi fica bem enquadrada no que o livro se
propõe a dizer e sua maneira de falar e pensar não é tão diferente do que
podemos ver ao sair pelas ruas. Outra coisa interessante é que o narrador é
alguém evidentemente do futuro, logo o leitor sabe que seja qual for a situação
de Thizi nesse tempo, ela claramente se tornou alguém muito diferente. O que
nos cabe, como leitores, é saber como foi essa jornada.
Apesar de ser uma garota inicialmente
com muitos conceitos de vida clichês, Thizi consegue ter momentos de grande
destaque e desenvolver raciocínios que me fizeram ter mais interesse pelo
livro. Alguns desses momentos são quando ela questiona a ausência dos pais que
constantemente estão em viagem pelo mundo e tentam substituir a falta de afeto
e presença em datas importantes, como o aniversário dela, com objetos materiais
(carros etc), entretanto esses instantes são quebrados muito drasticamente
quando ela começa a retornar para a letargia do luxo que preenche a sua vida.
O que me irritou bastante em Thizi
foi que apesar dela saber quais são os seus problemas e quais os caminhos para
solucionar, insiste inúmeras vezes em procurar rotas e coisas que a afastam da
solução e deixam tudo ainda mais difícil e sempre que isso acaba acontecendo
ela encontra a sua Replay. A Replay, desde a sua primeira aparição, ficou
claramente definida para mim como sendo uma manifestação material do estado
conturbado em que Thizi estava. Essa cópia é uma versão melhorada de Thizi, uma
maneira de ser à qual ela mesma aspirava e de forma temerosa acontece um
contato entre as duas que mudará o rumo de tudo o que está por vir e fará com
que Thizi realize um trabalho de introspecção durante o qual irá se conhecer
verdadeiramente.
No livro há também uma história
romântica. Na verdade é um triângulo amoroso. Este triângulo é formado por
Thizi, o namorado Tadeu e seu melhor amigo Tito. Tadeu é um rapaz arrogante e
mulherengo que após ter se acidentado de carro e estar internado no hospital
tenta consertar a sua situação com Thizi. O namoro de Thizi é uma relação na
qual não conseguimos encontrar motivos para existir mesmo e isso deixa o leitor
ainda mais com vontade de gritar com a garota teimosa que persiste no erro de
não enxergar que o amor que ela procura estava ao seu lado sempre na forma do
amigo Tito. Tito é coberto de mil elogios por Thizi e isso se tornou
extremamente cansativo no livro. Tudo bem que a intenção era reforçar as
impressões da garota pelo amigo, mas acho que repetir demais deixou o texto
entediante às vezes e de vez em quando tive vontade de abandonar o livro quando
a repetição ficou frequente. Outra coisa que me deixou aborrecido com o livro é
que Thizi se coloca demais como vítima e acho que isso foi desnecessário, já
que o leitor pode tirar as suas próprias conclusões a partir do que é narrado e
sinceramente não consegui ter um pingo de pena de Thizi, ela que escolheu
passar por todo o sofrimento com as suas escolhas errôneas.
O livro tem uma mensagem até
interessante no final, mas não é uma “lição” para um leitor adulto, mas algo
voltado para adolescentes, ou seja, “Garota Replay” é um livro pensado para
adolescentes e acho que ideal para eles, mas não é uma obra que indicaria para
leitores com mais de 20 anos ou já acostumados a leituras mais densas e
maduras. O estilo de escrever da Tammy é muito bom, já que me fez terminar um
livro que se fosse escrito de uma maneira diferente talvez nem terminasse e ela
possui talento suficiente para nos brindar no futuro com uma publicação voltada
para um público que busca outro tipo de romance, algo condizente com leitores
mais experientes. Boa leitura à todos! Abraços! Até outro momento!
Ednelson, fico muito feliz que curtiu Garota Replay. Obrigada pela avaliação tão bacana! Ainda mais sucesso para o seu Blog!
ResponderExcluirBjinhos. Tammy
www.tammyluciano.com.br
Por nada, Tammy. Espero que a minha análise possa ser útil de alguma forma e aguardo pelos seus próximos lançamentos. Sucesso para ti também!
ExcluirBeijos!