Capa |
Autor: Alexandre
Heredia
Editora: Tarja Editorial
Origem: Brasileira
Ano: 2010
Edição: 1ª
Número de páginas: 252
Sinopse: Dante é um repórter
da noite em busca de realização profissional e pessoal.
Eva é uma promotora de casa noturna
atrás de exposição.
Ian é um executivo recém-divorciado em
crise de meia-idade tentando recuperar a juventude perdida.
Pessoas comuns com histórias diversas
que se entrecruzam no Vrykolakas, uma casa noturna no centro de São Paulo,
repleta de perigos ocultos sob as luzes e a badalação, enquanto Radu, o
enigmático proprietário da casa, testa os limites morais e éticos de cada um
para descobrir até que ponto eles estão dispostos a chegar para concretizar
seus objetivos.
Um jogo maquiavélico e macabro em que
até os vencedores terão que abrir mão da própria alma.
Uma história atual que mistura vida,
ambição e morte, com altas doses de sensualidade, em uma trama com a qual
muitos irão se identificar. Para o bem ou para o mal. Afinal, quem poupa
esforços para realizar seus maiores desejos?
Onde comprar? Tarja Livros.
Book Trailer:
P.S: Esse Book Trailer é de quando o livro foi lançado pela Editora Multifoco.
Análise:
“—Agora, minha querida, a noite é toda nossa – sussurrou ele em seu
ouvido, com a voz macia e sensual de sempre.”
—Pág. 8.
Alexandre Heredia |
Saudações, caríssimos leitores do Policial da Biblioteca! Venho dividir com vocês os meus sentimentos por uma história profundamente visceral. Um livro que dialoga sobre impulsos básicos, sobre aquela sujeira que às vezes teima em aderir ao espírito de nossa sociedade e que às vezes atormenta a nossa mente e turva os nossos julgamentos, nos transformando em verdadeiros animais em busca de saciar os nossos desejos que amiúde podem assumir os traços mais sombrios que uma mente humana pode conceber. Em meio ao concreto, metal, som alto, luzes de várias cores e alguns drinques, até mesmo de líquidos mais densos que o vinho, vos convido a adentrar na Vrykolakas comigo.
A narração do livro é completamente
feita em terceira pessoa e isso deixa completamente a cargo do leitor julgar a
natureza dos eventos e sobre as intenções verdadeiras de cada personagem, pois
nem todas as ações são expressões sinceras das vontades dos personagens que
encontramos no decorrer das páginas. Esse foco narrativo encaixou perfeitamente
na trama e a neutralidade com que Alexandre conseguiu narrar as ações dos
personagens, sem uma visão maniqueísta dos indivíduos, mostra que estamos de
frente com uma obra na qual o leitor é verdadeiramente incentivado a “dialogar”
com os personagens, representações de tipos humanos que podemos encontrar
facilmente pelo mundo, sem um intermediário que age como um ditador decretando
o que é certo e errado, definindo assim o exato alinhamento de cada peça do
tabuleiro.
Os personagens não são pessoas que se
preocupam em provar algo para o leitor, seja sobre a firmeza de seus caráteres
ou objetivos, eles parecem dotados de uma força própria que os move nas
direções mais diversas, contudo no livro encontramos com alguém que adora agir
como um manipulador de fantoches com as demais pessoas, mas de uma forma sutil,
algo como sussurros que se acumulam em nossos ouvidos até se transformarem em
gritos dentro de nossos crânios que depois de um tempo queremos arrebentar
somente para aliviar a pressão. Acredite, a trama é muito forte e envolvente.
Agora se o que você busca em termos de
vampiros são enredos onde os seres noturnos sejam amantes formidáveis,
cavalheiros refinados que cobrem as donzelas de inúmeros elogios, ajam com uma
etiqueta extremamente refinada e sejam bondosos em seus gestos...passe longe! Em
“Predadores” o que vemos é o sangue pulsando quente em seu vigor mais primitivo
e feras que desfilam em corpos belos, mas transmissores de um mal irremediável
que tragará sua alma para o mais aterrador abismo caso você prove dele.
A trama inicialmente está dividida em
duas partes, aparentemente independentes, mas que mais a frente se mostram
complementares. Não irei dizer mais como isso é estruturado para não estragar a
surpresa dos leitores, afinal em minhas resenhas me preocupo em evitar qualquer
spoiler e me ater a transmitir as impressões que o texto me causou, ou seja,
avaliar o que importa: a narração e o que é narrado. O que posso dizer é que
essa cisão inicial na história faz o livro ficar dinâmico, pois o leitor se
envolve em dois mistérios, duas linhas de suspense, o que torna impossível o
tédio, não que qualquer um dos dois eventos (cenários) seja cansativo, muito
pelo contrário, acho que cada um até poderia render um livro único.
O Alexandre sabe colocar simbolismo na
descrição de cenários e alimenta a nossa imaginação também com algumas
indiretas quando fala sobre a fisionomia, jeito de se vestir, maneira de falar
e expressões corporais dos personagens. O livro é uma experiência essencialmente
mental na qual transformamos o texto estático em figuras que se movem no nosso
cérebro, quase se materializando frente a nossos olhos quando a imaginação é
poderosa, e “Predadores” consegue desenvolver uma força impactante e com
certeza foi um dos livros deste ano, até o momento, que mais conseguiu me
transportar para vários ambientes e me tornar presente em cada um deles com a
mesma intensidade. Quando falo de estar presente na cena de um livro me refiro
ao fato do autor conseguir explorar todos os sentidos para descrever um lugar e
arrebatar o leitor não somente pela mente, mas pelo corpo e espírito. Recomendo
que fiquem bastante atentos durante a leitura, pois diversos detalhes podem ser
encontrados nos cenários que falam muito sobre a história e muitas ideias e
sentimentos estão nas entrelinhas. Nada foi colocado nas páginas por um acaso,
tudo é uma peça milimetricamente planejada e lapidada, pelo menos essa é a
sensação que se fica após a leitura.
Os personagens conseguem ter um grande desenvolvimento,
se transformam muito enquanto lemos e no desfecho possuem personalidades
completamente distintas das que apresentavam no início, mostrando que
verdadeiramente houve movimento na trama e fazendo os personagens se tornarem
criações críveis. As viradas na história também são inúmeras e o leitor não
consegue muito tempo livre para ficar se distraindo com outras coisas. Os olhos
vão clamar pelas letras desta obra, assim como os vampiros são seres sedentos
pelo sangue e o ar noturno. Recomento este livro! Se deliciem com uma belíssima
obra e se perguntem: Predadores ou presas? O que vocês são? O que você deseja?
Até onde iria por isso? Boa leitura à todos e até outro momento!
P.S: Os eventos narrados nesse livro continuam em "Emboscada".
P.S: Os eventos narrados nesse livro continuam em "Emboscada".
Suas resenhas estão ficando cada vez melhores! Sério mesmo.
ResponderExcluirNão é o meu estilo de leitura preferido, mas do jeito que vc o minuciou na resenha, quero ler!
Gostei de terem duas partes aparentemente sem relação, mas que no final fazem sentido. Adoro o elemento surpresa.
Parabéns, querido!
Beijão!
Obrigado pelas palavras, Gleice. Sempre tento manter uma qualidade nas resenhas. Que legal! Se esse não é o seu tipo de leitura preferido, mas a minha resenha lhe deixou com vontade, é sinal de que a minha análise teve sucesso :D Fico tão alegre com isso! Sim, também gosto de história que possuem vários focos e fazem o leitor ficar pensando onde tudo vai se encaixar e o vai se formar quando isso ocorrer.
ExcluirAgradeço também aos seus conselhos, Gleice. Vendo seus vídeos e lendo as suas resenha aprendo bastante.
Beijos!