
Sinopse: Em uma noite
chuvosa, no meio da estrada, um estranho fugindo de assassinos surge bem na
frente do carro de Cathy Weaver. O comportamento delirante de Victor Holland
dava a entender que se tratava de um homem à beira da loucura. Mas sua
afirmação de que estava sendo perseguido poderia ser atestada pelo temor no
olhar e pela bala cravada no ombro. À medida que as horas passam e os
perseguidores se aproximam, Cathy não consegue evitar um único pensamento: ela
estaria ajudando uma pessoa em perigo ou colocando sua vida nas mãos de um
homem perigoso?
Análise
O
delator foi um dos primeiros livros de Tess Gerritsen. Nessa fase inicial da
autora as histórias românticas que se fundem ao elemento suspense/policial,
marca que se acentuaria em suas futuras publicações, foram dominantes. O seu
enredo tem alicerces que poderiam ser tranquilamente comparados a um filme de Hitchcock
e simultaneamente aos melhores filmes românticos.
A
autora se detém em diversas partes numa descrição minuciosa dos sentimentos
entre Cathy e Victor que se desenvolvem em uma atmosfera de perigo e paranoia. A
narração é tecida com uma habilidade que já anunciava a capacidade que a
escritora poderia atingir. Todo o conteúdo afetivo que é transmitido pelos
personagens ao leitor não é, em momento algum, entediante. Toda a linguagem
sentimental é dosada com parcimônia e inserida em momentos apropriados.
Os
leitores de Tess Gerritsen no Brasil que já a conheceram em sua atual fase
podem começar a leitura sem qualquer temor de que ao termino do livro possam
ter uma decepção. Costuma-se imaginar que um escritor em seu começo de carreira
seja mais desleixado ou dotado de um estilo menos atrativo, todavia não é o que
ocorre com Tess. Obviamente seu estilo de escrita está muito diferente, contudo
isso não diminui a qualidade de seu trabalho.
Algumas
das marcas que diferencia “O Delator” dos demais livros que já li dela é a
caracterização de suas personagens femininas e a maneira de desenvolver a trama.
Enquanto nos livros policiais as mulheres são construídas como seres de
personalidade muito fortes, dotados de independência e que ofuscam muitas vezes
a participação dos homens nos eventos narrados, em “O Delator” o foco oscila
entre personagens que complementam a trama (coadjuvantes) e o casal romântico
(protagonistas). Outra singularidade, como citei no início deste parágrafo,
fica por conta do modo usado para fluir a trama. Em todos os livros que li da
autora o mistério principal é experimentado em uma pequena dose nas primeiras
páginas do livro, uma curta cena geralmente e que costuma se encaixar no
contexto geral próximo do fim da obra, para depois desacelerarmos e irmos
retomando a velocidade novamente até atingirmos o clímax, entretanto neste livro
seguimos uma rota mais linear, indo da ignorância absoluta ao que está
escondido no cerne do romance para a sua solução ou esclarecimento. Aliás,
gostaria de deixar uma dica aqui, não leiam a orelha do livro, pois eventos que
só são explicados depois da página 100 são revelados sem o menor respeito ao
leitor. Acho que quando alguém se propõe a apresentar seja uma resenha ou um
comentário mais simples sobre um livro deve ter muito cuidado com o que revela
por meio de suas palavras, uma palavra fora do lugar pode acarretar infortúnio.
Victor
representa toda a segurança que Cathy busca na vida, apesar dele estar fugindo
de algo que ela desconhece, a segurança que ele transmite no olhar e em suas
atitudes são dignas dos grandes galãs-heróis. Todavia essa figura de imponência
não é inabalável como o célebre senhor Bond ou o herói de ação Rambo. Sua
vulnerabilidade lhe concede um aspecto real e faz o leitor se sentir na
companhia de alguém que realmente poderia existir e não de um claro produto de
ficção. Já Cathy é uma mulher frágil, fato representado em seu corpo magro,
baixa estatura, falta de perspectivas para a sua vida amorosa e casamento
falido. Cathy não é o tipo de heroína ou mocinha que a todo tempo está
exaltando a sua paixão de forma exacerbada como uma adolescente costuma fazer.
Ambos possuem características que acabam transformando-os em um casal agradável
de acompanhar. Houve instantes em que torci mesmo para a união deles e olhem
que não costumo agir assim, exceto quando uma história consegue me capturar
verdadeiramente.

Editora: Harlequin Books
Autor: Tess Gerritsen
Origem: Americana
Ano: 2011
Edição: 1
Número de
páginas: 320
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
Gosto da Tess Gerritsen. Já li dois livros, e tenho mais dois pra ler. A narrativa dela é dinâmica, e consegue dosar bem o suspense com o emocional sem ser piegas.
ResponderExcluirSobre orelhas que soltam spoilers... Ninguém merece, hein? ¬¬
Beijos
A Tess sabe mesmo mesclar romance e suspense. No início da carreira ela escrevia história que iam mais para o lado romântico, mas sem ficar algo cansativo. Seus livros mais recentes tem um pouco de romance, contudo o suspense está bem mais forte e as tramas se baseiam mais em investigações cheias de reviravoltas.
ExcluirEstou muito interessada pelo trabalho dela, agora após ler essa postagem mais ainda! Beijos.
ResponderExcluirPara quem gosta de suspense Tess Gerritsen é um prato cheio.
ExcluirBeijos!