quinta-feira, 22 de março de 2012

Resenha: Clube da Luta

Título Original: Fight Club 
Gênero: Drama
Duração: 140 min 
Ano de lançamento: 1999 
Direção: David Fincher 
Roteiro: Jim Uhls (Roteiro); Chuck Palahniuk (Romance)
Produção: Ross Grayson Bell; Ceán Chaffin; Art Linson
Orçamento:  63,000,000 milhões de dólares
Bilheteria (sem contar com os Estados Unidos): 71,000,000 milhões de dólares
Elenco: Edward Norton (O Narrador); Brad Pitt (Tyler Durden); Helena Bonham Carter (Marla Singer);    Jared Leto (Rosto de Anjo); Meat Loaf (Robert Paulson).
Trailer:


Análise:

“Trabalhamos em empregos que não gostamos,
para comprar um monte de coisas que não precisamos.”
—Tyler Durden.



            Antes de começar a tecer meus comentários sobre “Clube da Luta” quero agradecer o apoio que o Policial da Biblioteca está recebendo dos blogs parceiros e demais amigos. Também está sendo muito recompensador o retorno que vocês, leitores, estão nos dando. Sempre que vejo alguém comentando em um dos posts ou divulgando o blog me sinto plenamente realizado como blogueiro. Quero agradecer também à Priscila Rúbia pelo convite para escrever no Policial da Biblioteca quando ele ainda era um pensamento que se formava em sua mente criativa. Estou muito feliz por estarmos conseguindo manter diariamente a postagem de uma resenha, seja de livro ou filme. Depois destas palavras vamos ao que é realmente o assunto do Post, mas antes se lembre das regras do “Clube da Luta”:

 1.      Você não fala sobre o Clube da Luta;
2.      Você não fala sobre o Clube da Luta;
3.      Quando alguém gritar “pare!” desmaiar, a luta acaba;
4.      Somente duas pessoas por luta;
5.      Uma luta de cada vez;
6.      Sem camisa, sem sapatos;
7.      As lutas duram o tempo que for necessário;
8.      Se for a sua primeira noite no clube da luta, você tem que lutar.

             Tendo apresentado as regras para vocês vamos adentrar no "Clube da Luta", preparem suas mentes, pois hoje é o momento para mais uma luta e você não vai sair mais o mesmo dela!

      O filme começa nos apresentando o personagem interpretado por Edward Norton, um homem que trabalha em um escritório, com uma vida totalmente voltada para o trabalho que detesta, mas que não larga por ser o meio através do qual consegue sustentar sua necessidade de consumir, mesmo as coisas que sejam mais inúteis. O seu hábito de comprar de maneira desenfreada é a válvula que desenvolveu para tentar preencher a sua pobreza existencial, contudo depois de algum tempo essa ferramenta acaba se enfraquecendo e a sua vida começa a sair dos eixos, iniciando-se pela insônia que passa a sofrer.

"Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Guerra Mundial.
Nós não temos uma Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão, são nossas vidas.
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock.
Mas não somos."
—Tyler Durden.


          Como costumamos às vezes fazer em nossas vidas, o personagem de Edward Norton (cujo nome verdadeiro não é revelado no filme) busca tentar se elevar de sua condição trágico-depressiva medindo sua desgraça a partir da infelicidade de outras pessoas. Toda a percepção que ele consegue obter de si mesmo lhe concede um pouco de alívio, porém isso começa a ser abalado com o surgimento de Marla Singer, uma figura sombria, mas que assim como o personagem do Norton está buscando alguma coisa para usar como anestésico existencial. Independente dos meios sempre estamos buscando modos para tornar a vida melhor, não melhor materialmente, mas quando somos pessoas dotadas de senso crítico, melhor sensitivamente. O ser humano por natureza quer dar sentido às coisas, um propósito, uma razão de ser. Apesar de parecer nesse ponto que o filme procura trabalhar o estabelecimento de um sentido para a vida usando a fixação da ordem nas coisas poderemos perceber que isso é somente uma preparação para a grande entrada de Tyler Durden e o que podemos chamar de sua filosofia do caos.
             Tyler Durden é exatamente a representação física do anseio que sentimos de romper com amarras às vezes, sejam elas nossos empregos, nossa vida particular, nosso jeito de ser, enfim qualquer coisa que seja um grilhão para os nossos sentimentos maiores, para o que almejamos em nosso intimo, mas que frequentemente abandonamos seja por comodismo, medo ou por pressões externas (convenções sociais). Tyler é o a peça que determina todo o fluir da trama e os diversos estágios do filme. O seu enfrentamento radical à certas moralidades que todos seguimos, mas que mandaríamos para o espaço caso isso não fosse afetar nossas vidas sociais, e seu humor ácido com base em ações imprevisíveis o tornam um ícone que com certeza os espectadores amarão, uma vez que é alguém que consegue e tem a coragem de extrapolar tudo que nos guia na vida civilizada de máscaras.
           Um dos ditados populares que mais detesto é “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Esse é justamente um dos pontos mais atacados por Tyler Durden: a autoridade de outrem que se coloca acima de mim e que me priva da plena satisfação e felicidade e simultaneamente obtém seu prazer em governar o meu destino alheio aos meus pensamentos e sentimentos. Afinal, eu lhes pergunto, por que tantas vezes nos esquecemos de nossa felicidade em nome de coisas que na maioria das vezes nos trazem uma carga pesada de tristeza? Por que amiúde vemos multidões que perseguem felicidades oníricas e instantâneas, porém passageiras, isso quando não são falsas, em programas de televisão e tantas outras maravilhas da modernidade, enquanto suas vidas afundam em uma montanha de lixo e as areias do tempo escorrem sem que sejam notadas? É triste perceber como tantos ao nosso redor parecem viver segundo uma programação básica da vida. O famoso organograma nascer, crescer (arrumar um trabalho), casar, reproduzir e morrer.
          “Clube da Luta” suscita tantos questionamentos que é impossível assisti-lo sem que balancemos as estruturas de nossos conceitos mais enraizados e que nossas reflexões, como animais ariscos, queiram quebrar as grades de nossas percepções alcançando níveis cada vez mais profundos.
A fotografia é outro elemento caprichoso. A “sujeira” (hipocrisia social), a vida que pulsa sem arreios e o caos (gerado pelos diálogos que o longa-metragem tenta criar com os espectadores), como energia revolucionária, que a todo o momento parece ameaçar a normalidade de nossa civilização são características que respiram e rompem a película em direção à nossa face como um soco.
A história possui até um romance, muito incomum, que no contexto da trama adquiri um sentido vasto e nos rende um desfecho magnifico. A interpretação que se faz do amor é tão criativa e a sua abordagem acontece muito bem encaixada com todos os eventos paralelos. As atuações de Brad Pitt, que nesse caso foge muito do estilo galã pelo qual ficou famoso, Edward Norton e Helena Bonham Carter estão em uma sintonia perfeita. Durante o filme recebemos algumas pistas sobre uma revelação que acontece no desfecho e que confere um significado para tudo que acompanhamos.
A violência em “Clube da Luta”, apesar do que as pessoas de análise mais rasa possam considerar, não está em suas cenas de lutas com socos, chutes, hematomas e muito sangue sendo cuspido. A violência das lutas é somente a ribalta da verdadeira violência que ocorre atrás das cortinas. Os socos e chutes são símbolos usados para manifestar visualmente o ataque à civilização que quer transformar nossos sonhos em lixos que podem ser comprados à preços populares e empregos que escravizam nossas almas. Este filme nos convida a também pensarmos: será que sou um escravo que entregou as rédeas da minha vida para alguém que não liga a mínima para quem eu sou, o que é importante para mim e quais são os meus sonhos? Será mesmo que devo ficar nesse trabalho que me paga um salário, mas que sempre me deixa com um vazio no coração e vontade de dormir pelo resto da vida? Pessoal, vamos criar coragem e fazermos nossa própria história! Não vamos ser unicamente mais um bando de homens e mulheres que passaram pela vida como autômatos! Essa vida passa e acaba, percebam isso o mais rápido possível! Vão! O mundo está lá fora! Desliguem seus computadores e vão descobrir o que vocês querem fazer das suas vidas! Porque vocês só possuem essa mesmo!
"- Você me conheceu numa fase muito estranha da minha vida." - Ouvi essa frase esses tempos.
Sabe quando você conhece alguém que é seu "lado negativo" completamente?
Negativo eu digo que é tudo aquilo que te mais irrita, que faz as coisas que você evita fazer e fala as coisas que você pensa duas vezes antes de falar, e simplesmente não se importa.
E como uma pirraça da vida você não consegue se afastar, porque tem uma parte sua ali.
Será que a fase um dia passa?


http://www.youtube.com/watch?v=RJ7-d2oLkjI - Fotolog 
"Você me conheceu numa fase muito estranha da minha vida."
                                                                             —O Narrador.

Recomendo “Clube da Luta”! Espero que vocês apreciem tanto quanto eu. Obrigado pela atenção dos leitores! Até breve.

“Esta é a sua vida, e ela está acabando um minuto de cada vez.
                                                                                —Tyler Durden.





2 comentários:

  1. Eu fiquei meio catatônica depois desse filme e tive de ver de novo.Acho que tá na capa do filme "Clube da Luta é um soco na mente". É um filme fantástico, toda a vez que assisto é uma sensação nova; acho que chega a ser forte por mostrar a verdade da vida muito claramente. Parabéns pela resenha, ela está linda demais, Ednelson, acho que uma das tuas melhores(uma das minhas favoritas, certeza). Parabéns pro filme, pro Ednelson, pra Priscilla. Todos lindos. Bjs da Mandy.

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    1. Esse filme é mesmo um soco na mente :D Acho que já assisti ele umas 10 vezes, no mínimo. Obrigado pelo comentário, Mandy :)

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