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Sinopse: Tranquility é uma pequena cidade de veraneio que faz jus ao seu nome, o lugar perfeito para que a Dra. Claire Elliot refaça sua vida após a morte do marido. Mas o que ela não sabe é que a cidade tem uma história macabra, marcada por cimes terríveis. Quando acontecimentos do passado começam a se repetir, Dra. Claire pode ser a única esperança de impedir que essa nova onda de sangue se alastre.
Análise
A
história tem como personagem central a doutora Claire Elliot, uma mulher cujo
marido faleceu recentemente, vitima de linfoma.Claire tem um filho, com
catorze anos, com um histórico de violência e problemas com más companhias, o
clássico problema da fase tão conturbada que é a adolescência.
Tranquility, uma pequena cidade do estado do
Maine, é escolhida como um ponto a partir do qual repensar a vida e tentar
recomeçar com um bom ânimo a sua existência rompendo com a atmosfera de
“semi-luto” na qual Claire e seu filho estão imersos. A mudança também pretende
recolocar o seu filho, Noah Elliot, nos eixos, fazendo assim com que seu
comportamento agressivo esteja sob controle, mantendo-o sob o seu campo de
visão de mãe super-protetora.
A
cidade em que começam a residir de tão pequena chega a um nível familiar, todos
se conhecem, sabem o que cada um faz ao longo do seu dia e até mesmo algumas
coisas particulares são de conhecimento público.
O
relacionamento entre Claire e seu filho é o retrato da relação entre pais e
filhos da modernidade que se tornou tão comum. Uma relação de indiferença
afetiva representada em curtos espaços de tempo de comunicabilidade. Isso a faz
pensar até que medida conhece o seu primogênito que deixou de ser o seu
bebezinho que ninava no seu colo para ser o garoto que estava em um nível de
desenvolvimento corporal igual ao dela e em vias de crescer ainda mais.
Noah,
segundo sua própria mãe, está cada vez mais parecido com seu pai. Isto dá um
sentido mais amplo para o seu instinto de proteção materna, logo que os
cuidados não são unicamente maternos, mas igualmente é o desespero de uma
mulher em preservar a memória de seu amor, o fruto de um casamento que acabou
pela morte de seu conjugue.
O
livro inicia-se, como é uma marca da autora, com uma cena de tirar o fôlego,
uma prévia do que iremos presenciar no ápice da trama e que páginas a frente se
encaixará no quebra-cabeça.
A
trama dá seus primeiros passos para o centro do enredo depois da descoberta de
um fêmur com sinal de um golpe de machado. Isso conduz à investigações que
revelam ainda mais incógnitas.
O
chefe de Policia de Tranquility, Lincoln Kelly, que vive um casamento
fracassado com Doreen, uma alcoólatra que sofre de crises de ciúme, é um homem
muito empenhado em seu serviço para compensar a frustração matrimonial. Essa é
uma peça que promete no tabuleiro.
A
narração alterna sua perspectiva entre vários momentos de personagens que vão
desde um homem com idade avançada, que sofre de lapsos de memória, que vive
sozinho à uma criança que passa a perceber mudanças radicais no comportamento
da irmã adolescente. Essa condução proporciona uma melhor noção do cenário e
prepara o palco dos futuros eventos.
A
maneira negativa como a maioria dos moradores da cidade tratam Claire, falando
mal dela como um outro tipo de ser humano, uma estrangeira que em breve, quando
rigoroso inverno chegar, irá embora, assim como todos os outros que tentaram
estabelecerem-se ali. Esse tratamento estende-se igualmente para seus colegas
de trabalho. Fica estabelecida aqui uma dúvida: será que todos escondem um
segredo? Essa suspeita se fortalece após um surto de agressividade de um
adolescente da cidade que é internado sob os cuidados da Drª Elliot,
posteriormente desligada do paciente.
A
antropologista Lucy Overlock traz uma luz para as investigações policiais, mas
ao mesmo tempo gera mais perguntas que chegam a deixarem pessoas poderosas da
cidade preocupadas com as revelações que ainda podem ser desenterradas. A
chegada de dezenas de repórteres à cidadezinha expande ainda mais as chagas que
as pessoas desejavam sarar.
Também
corre entre a população o rumor de que atividades macabras e bruxaria seriam os
estopins do que está ocorrendo na cidade, todavia a Drª Elliot começa a
trabalhar uma linha de investigação oposta que mais alguns metros a frente dará
em outra rota.
Vários
acontecimentos fazem o peso da responsabilidade nas costas da Drª Elliot
aumentar. Ela acaba sendo o termômetro das situações que vão se inflamando mais
e mais. Claire Elliot é uma personagem de grande veracidade, palpável,
qualidade demonstrada em seus momentos de instabilidade. Essa história não segue o traço do policial
durão que investiga, bata em todos os seus inimigos e termina com a mocinha
bonita. Em meio à seus conflitos ela racha a camada de gelo, sua defesa
afetiva, que a recobre. A escolha de uma protagonista dentro destes moldes não
é um simples capricho da autora e sim uma decisão matematicamente tecida para
nos brindar com uma personagem ao mesmo tempo frágil, mas capaz de enfrentar os
empecilhos com a força de uma mãe viúva. Claire é uma figura feminina com seus
medos, mas também sua potência.
O
conflito entre Adam Delray, também médico da cidade, é o contraponto da Dra.
Elliot.
A
junta da cidade é a personificação do espirito da cidade, dependente do turismo
e o dinheiro injetado por suas atividades paralelas, fechando-se à intervenções
radicais, agindo hermeticamente, usando todos os recursos ao seu alcance e
movimentando todos os seus tentáculos para se preservar tal como é. Ao mesmo
tempo em que o tumulto se torna mais denso na cidade, Claire vai retirando as
últimas peças de sua armadura, deixando evidente sua carência, mostrando outra
perspectiva sua, bastante verossímil. A mudança de ângulo dessa personagem
acompanha o fluir da narração.
O
final transmite a sensação de que a o enredo foi acelerado estranhamente, como
se talvez a autora estivesse correndo contra um prazo, porém não diminui
drasticamente a qualidade do livro, talvez alguns leitores torçam o nariz em um
primeiro momento, mas depois irão concluir que foi uma jornada prazerosa. As
descrições das cenas aliadas aos ambientes esculpidos, que funcionam como
extensão das emoções, formam uma beleza fotográfica meticulosa. Claire e
Lincoln protagonizam as cenas que mais deixam claras essa relação emoção,
local, descrição. Recomendo este livro!
Tess Gerritsen |
Tess é ótima. Já li dois livros dela e adorei. Me interessei por esse! ;)
ResponderExcluirBeijos
Gleice
@MPessoais
www.murmuriospessoais.com
Gerritsen é muito massa. Tenho alguns livros del é cada um melhor que o outro.
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