sexta-feira, 13 de abril de 2012

Conto: Saturado de vazio

Pessoal, hoje resolvi lhes mostrar um singelo conto romântico meu. Sou um sujeito que acredita em romantismo e em coisas que em tempos de amores fast-food estão em baixa, portanto já sofri alguns episódios de discriminação por acreditar em amor verdadeiro, porém nunca neguei meus pensamentos. Sem mais demoras, eis o conto (espero que apreciem):




Saturado de vazio

Edson estava se arrumando para uma festa na casa de um amigo, não que gostasse muito de festas, mas ultimamente seus pensamentos se ocupavam grande parte do tempo com reflexões sobre um vazio que crescia a cada dia em seu coração e sentia que talvez um pouco de música alta e conversas triviais podiam abafar a sua mente inquieta.
Sua vida nunca foi muito emocionante. Ele era o que podemos chamar de rapaz exemplar: não fumava, não bebia, não usava drogas e sempre estudava. Contudo sua vida sentimental era recheada de desastres amorosos.
Ele nunca obteve qualquer sincero retorno afetivo, apesar de já ter dormido com algumas garotas. Todas na manhã seguinte ao sexo iam embora com um sorriso forçado no rosto e prometiam ligar depois. Edson sempre pensou que somente as garotas sofressem tanto quando seus corações eram usados e recebiam juras de amor no ímpeto do instante que era o sexo, mas aprendeu da maneira mais direta que os homens também podem chorar, mesmo sem admitirem, quando no meio da madrugada acordam se revirando na cama e ao buscar a parceira com a qual foram se deitar tocar somente o vazio.
Para ir à festa optou por usar um jeans verde desbotado, sapatos all stars e uma camisa preta de botão um pouco amassada. Nunca foi um gênio quando o assunto é moda, afinal como conseguir compreender uma coisa tão supérflua que ainda assim era tão valorizada e mudava na mesma velocidade em que os segundos passam?
Depois de colocar um pouco de perfume de fragrância leve no pescoço, atrás das orelhas, e nos pulsos, foi para o ponto de ônibus que ficava em uma avenida paralela à rua em que residia.
Durante o curto trajeto até o ponto de ônibus assobiou uma canção de Elvis Presley chamada Love Me Tender. Era uma canção que sempre gostava de ouvir em seus momentos de solidão, mas no fundo sempre quis ouvi-la ao lado de uma garota que o amasse verdadeiramente e lhe fizesse carinhos na cabeça até que adormecesse em seu colo.
Chegou ao ponto. Ele estava vazio.
Olhou para o relógio de pulso, ainda faltava meia hora para o início da festa.
Uma hora se passou sem que um único ônibus aparecesse.
— Será que os transportes entraram em greve? – pensou Edson.
Começou a considerar se aquela demora anormal do ônibus seria um sinal de que não deveria ir nesta festa. Talvez outra ventura estivesse reservada para ele. O destino tinha seus caprichos.
— Posso me sentar ao seu lado? – uma voz feminina doce falou.
Edson olhou para a direita. Como mágica estava ao seu lado uma garota de pele alva como a lua e cabelos ruivos que iam até a cintura. Não percebeu a aproximação dela, mas às vezes não percebemos a chegada do amor. Felizmente, para Edson, em um nível inconsciente ele percebeu que o destino estava lhe abençoando, que o cúpido estava fazendo suas jogadas no tabuleiro da vida e disse:
—Sim, sente-se, por favor – seu sorriso era um reflexo do sorriso dela.
Edson não foi à festa. Naquela noite eles se beijaram e dormiram juntos. O calor de seus corpos era um só. Eram almas gêmeas.

2 comentários:

  1. Olá
    Que conto mais lindo, vc escreve muito bem, e não tem problema nenhum nisso. Parabéns por se mostrar do jeito que vc é.
    Prazer em conhece-lo já estou te seguindo

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    Respostas
    1. Fico muito feliz que você tenha achado meu conto belo. Agradeço suas gentis palavras. É um prazer receber o seu comentário ^-^

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