A
palavra “Apócrifo” (Apocryphom,
que quer dizer literalmente livro secreto)
foi usada a partir do século 5º D.C para designar antigos
documentos judaicos que não teriam sido supostamente inspirados por
Deus. Do ponto de vista religioso, um evangelho apócrifo é um
documento que não apresenta informações “confiáveis”. Neste
post irei falar um pouco mais sobre a origem desses evangelhos, sobre
o aspecto literário deles (afinal, somos um blog literário e não
faria sentido abordarmos o assunto de outra maneira rs), além, é
claro, sobre os motivos pelos quais eles não são considerados como
“inspirados” por Deus, tendo assim ficado de fora da “versão
final” do livro mais conhecido no mundo todo: A bíblia sagrada.
Espero que gostem!
Um
breve resumo...
No
ano de 325 D.C, na antiga Nicéia (hoje cidade de Iznik, província
de Anatólia) aconteceu o primeiro concilio ecumênico da Igreja
Católica, pelo então imperador Flavius Valerius Constantinus (285 -
337 d.C ), filho de Constâncio I. Tratou-se de uma manobra politica
bem esperta do imperador (que era pagão), já que o cristianismo
encontrava-se em ascensão entre a população. Constantino
aproveitou-se do fato para fortalecer a monarquia do seu governo e
inverteu a politica vigente e os cristãos, outrora perseguidos,
puderam expressar livremente suas doutrinas religiosas, já que o
cristianismo havia se tornado a religião oficial de roma. O fato é
que nesse concilio (que ficou conhecido como “o concilio de
Nicéia”) Constantino estabeleceu, junto a 300 outros bispos, os
parâmetros que iriam reger oficialmente a “nova religião”
cristã, e entre eles estava a divisão dos livros que fariam parte
do novo testamento bíblico. A copilação final tornou-se a bíblia
e os livros que ficaram de fora, que não foram inspirados por Deus,
ou de pouca importância, como os que detinham apenas detalhes
técnicos, foram considerados como apócrifos, literalmente “não
inspirados por Deus”. O que muita gente não sabe é que alguns
livros que hoje são considerados apócrifos já fizeram parte da
bíblia, mas foram gradativamente retirados graças aos vários
outros concílios que vieram posteriormente. Da mesma maneira, livros
que já foram considerados apócrifos tiveram uma “segunda chance”
e acabaram fazendo parte da copilação que conhecemos atualmente.
Sobre
a separação dos textos apócrifos e não apócrifos no concilio de
Nicéia, existem várias versões, sendo que grande parte delas está,
obviamente, relacionada a fé: Uma versão diz que, enquanto os
bispos estavam em oração, os evangelhos depositaram-se sozinhos no
altar. Outra diz que todos os evangelhos foram depositados no altar e
que enquanto os bispos oravam, alguns caíram. Os que ficaram
tornaram-se “oficiais” e os que caíram foram considerados
apócrifos. Na minha humilde opinião houve uma certa manipulação
por parte de Constantino e seus bispos para que os textos
selecionados auxiliassem a reforçar a religião que crescia,
naquela, exponencialmente.
A
importância dos livros Apócrifos
O
fato de serem considerados “falsos”, ou “não inspirados por
Deus” não redime a importância, nem de um ponto de vista
histórico e, em certos aspectos, nem religioso, dos livros
apócrifos. Na verdade, os textos apócrifos são tão importante
para compreendermos melhor o aspecto social, cultural e religioso da
época, quanto os próprios livros que hoje fazem parte da bíblia.
Grande parte deles foi até mesma escrita antes ou pouco depois dos
livros hoje copilados nela. E isso tudo não é invenção de Dan
Brown, aconteceu mesmo.
Os
manuscritos do Mar Morto
Caverna em Nag Hammadi |
No
ano de 1945 o camponês Muhamad Ali Salmman encontrou, no Alto Egito
em Nag Hammadi, um pote de cerâmica que continha 13 papiros
encadernados em couro, que posteriormente revelaram-se como a mais
antiga versão de um texto bíblico que se tem noticia, datadas de
cerca de mil anos antes dos textos originais da bíblia hebraica,
além de vários outros textos considerados como apócrifos pela
igreja. Se analisarmos o conteúdo dos textos mais profundamente,
podemos notar porque alguns foram até considerados hereges. Nos
manuscritos a versão divina de Jesus, por exemplo, é deixada de
lado e nos é apresentada uma versão mais humanizada de Jesus e de
seus ensinamentos.
O
Evangelho apócrifo de Gênesis
O
Apócrifo de Gênesis é um dos documentos que foram encontrados em
Qumram. Foi catalogado como 1QapGen, 1Q20,
já
que foi encontrado na gruta 1. São, ao todo, 22 colunas em aramaico,
que contam em detalhes a história da criação do universo, da
rebelião de Lúcifer, o primeiro anjo, da criação da terra e a
história de Adão e Eva. É um dos textos mais bonitos que já li
(quem gostou de “A batalha do Apocalipse” do Eduardo Spohr vai
adorar ele), que se difere bastante, do ponto de vista literário,
dos demais textos bíblicos, já que se assemelha mais a uma “versão
romanceada” e mais detalhada do livro em questão, incluindo
períodos anteriores aos narrados na bíblia que conhecemos. Sua
autoria é creditada ao rei Melquisedeque, do século I e é rico em
detalhes, além de bastante emotivo.
Deixo
aqui o link para quem estiver interessado em ler a tradução para
Português do manuscrito. Recomendo bastante a leitura,
principalmente para quem já teve a oportunidade de ler o “Gênesis
oficial” que consta na bíblia. Como já citei anteriormente, é
uma espécie de “versão aumentada” que relata os pormenores da
história (Spoiler: detalhe para a parte em que Deus chora quando
descobre a traição de Lúcifer... É de arrepiar). Espero que
gostem.
Gostaria de saber se esse Evangelho Apócrifo de Gênesis que você comenta é verdadeiro? Porque eu fiz uma grande busca procurando fatos que comprovem que esse manuscrito existe, e infelizmente não encontrei nada.
ResponderExcluirTalvez me expressei errado, de fato encontrei, mas a história nesse mencionado Apócrifo é completamente diferente do seu Link (e do resumo que você passou para o leitor).
Nas buscas que eu fiz (fontes muito confiáveis) diz que nesse Apócrifo de Genesis trata-se de Lameque, Noé, Enoque e não de Adão e Eva, história do universo etc. E a mais triste noticia é que esse Apócrifo está incompleto, ou seja não tem como ter uma “versão romanceada” como aqui mencionado.
Não me entenda mal, outros Apócrifos como o primeiro Livro de Adão e Eva etc, eu pesquisei muito e encontrei evidencias de que eles sim existem, mas esse Apócrifo não, então gostaria de saber no que se baseou? Caso também não tiver nenhuma prova, infelizmente algum engraçadinho criou a história por agora e diz ser o manuscrito.
Por favor, veja os links abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/User:Kyoko/Genesis_Apocryphon
Um livro de confiança sobre esse Apócrifo:
http://www.scribd.com/doc/59960776/Dead-Sea-Genesis-Apocryphon
Boa Noite, voce achou algo mais relevante do Livro de Melquisedeque a Criação do Mundo????
ExcluirOi acredito que a questão é fazer o bem e ir pra luz. Não importa mais nada a não ser ir pra luz. Seguindo os 2 mandamentos.
Excluir1 ama seu Deus de todo seu coração.
2 Amar seu próximo como a ti mesmo.
E não fica discutindo sabe. Se seguir isso acredito que o pai revelará, pois seguir essas leis é bom.
Oi adorei.. muito obrigado, me fez se interessar por esses livros....mas vc já leu o livro reverso escrito pelo autor Darlei... se trata de um livro arrebatador...ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos.....e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos; Além de revelar verdades sobre Jesus jamais mencionados na história.....acesse o link da livraria cultura e digite reverso...a capa do livro é linda ela traz o universo de fundo..abraços. www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?
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