Resenha: Desaparecido Para Sempre

Capa

Editora: Arqueiro

Autora: Harlan Coben

Origem: Americana
Ano: 2010
Edição: 1
Número de páginas: 320
Acabamento: Brochura

Sinopse: No leito de morte, a mãe de Will Klein lhe faz uma revelação: seu irmão mais velho, Ken, desaparecido há 11 anos e acusado do assassinato de sua vizinha Julie Miller, estaria vivo. Embora a polícia o considere um fugitivo, a família sempre acreditou em sua inocência. Ainda aturdido por essa descoberta e tentando entender o que realmente aconteceu com seu irmão, Will se depara com outro mistério. Enquanto isso, dois criminosos que foram amigos de infância de Ken, passam inexplicavelmente a rondar a vida de Will. Para descobrir a verdade por trás desses acontecimentos, ele conta apenas com a ajuda de Squares - seu colega de trabalho em uma fundação de assistência a jovens carentes e proprietário de uma escola de ioga famosa entre as celebridades, o que lhe garante acesso a topo tipo de pessoas e de informações. 

Onde comprar: Submarino; FNAC; Saraiva; Livraria Cultura

Livro no Skoob

Análise

“[...] você pode acabar descobrindo que ela não era a mulher que você pensava que fosse. Que enganou a todos nós, ou pior.”

—Pág. 158, personagem Squares.

Harlan Coben

Saudações, leitores/visitantes amados do Policial da Biblioteca! É sempre um prazer escrever um post para vocês! É uma alegria imensa receber um comentário, seja uma crítica, sugestão ou dúvida, afinal é desta maneira que conseguiremos evoluir cada vez mais, logo, peço que sempre comentem, pois assim saberemos como estamos indo na nossa tarefa como blog literário em divulgar a literatura e seus benefícios. A Priscila, o Edilton e eu ficamos muito gratos pela atenção de vocês.

Mas tomando o rumo para o assunto deste post...

Como a maioria de vocês já deve ter percebido sou apaixonado por histórias de suspense, assim como de terror, portanto a maioria de minhas leituras são destes dois gêneros. Uma das grandes descobertas literárias que fiz há pouco tempo foi o escritor Harlan Coben. Esse é o segundo livro que li do autor, mas já posso declarar meu amor por ele! Seu jeito de narrar é extremamente singular. Nunca li obras de suspense escritas de forma semelhante à dele e isso foi um dos fatores responsáveis por esse amor à primeira página.

Há muitos traços de “Desaparecido Para Sempre” que já são familiares para mim, visto que já li “Não Conte a Ninguém” (Obra cronologicamente anterior à que resenho). Esses traços de que falo são os pontos de desenvolvimento da trama e o papel de cada personagem em relação à questão principal do livro.

 Assim como em “Não Conte a Ninguém”, aqui temos um homem de vida relativamente tranquila que de um momento para o outro se vê jogado em um luto inesperado e, como se isso não fosse sofrimento bastante, é jogado em uma trama de mistérios que o faz questionar muitas pessoas ao seu redor. Nesse caso especifico acompanhamos Will Klein, diretor da Covenant House, uma instituição que ajuda jovens que moram nas ruas, que no leito de morte da mãe descobre que o seu irmão (Ken Klein), foragido há 11 anos e acusado do assassinato de sua vizinha (Julie Miller), está vivo! Esse é estopim de todos os mistérios.

Com a revelação sobre o seu irmão ainda estar vivo, Will passa a procurar meios de entrar em contato com ele, entretanto outras pessoas também possuem interesses, perniciosos nesse caso, em achar Ken e não medirão esforços ou consequências para obterem o que almejam. Os vilões tem um poder de cativar incrível, com certeza todos os leitores que se aventurarem pelas páginas deste livro irão odiar profundamente as suas artimanhas maléficas, mas a inteligência aguçada e a maldade que exala de seus poros nos conquista pela fineza com que o autor consegue retratar. Vilões de mentes complexas são um precioso energético para histórias de suspense e acreditem: os vilões desta obra são dos melhores!

O segundo mistério que se estabelece no livro é desenvolvido pela figura de Sheila Rogers, atual namorada de Will. Apesar de estarem juntos há pouco mais de um ano, Will sente que a conhece muito pouco e percebe que sempre que tenta se aproximar ela se esquiva de seus questionamentos. Entretanto, Will, em nome de seu amor por Sheila, resolve ignorar esta atitude suspeita até que é envolvido em uma situação de extremo perigo.

Como suspeitava, desde o primeiro livro que li do Harlan, o humor ácido é uma marca em sua escrita e não uma mera construção momentânea como imaginei inicialmente durante a leitura de “Não Conte a Ninguém”. Suas críticas à aspectos pouco admiráveis de nossa sociedade são tecidos sem destoar do foco do enredo e muitas declarações sarcásticas são feitas por Will (o protagonista) diante das situação que passa a viver.

“Deixei a dor de lado e ouvi com atenção, afinal aqueles jovens mereciam isso. O abrigo significava muito para mim. Para nós. E quando tínhamos dúvidas quanto ao nosso sucesso, a respeito de quanto estávamos ajudando, sempre lembrávamos que fazíamos tudo por aqueles jovens. Eles não eram carinhosos. Não eram atraentes, eram pessoas difíceis de se amar. A maioria deles levaria uma vida terrível e acabaria nas ruas, na cadeia ou morta. Mas isso não era motivo para desistirmos. Pelo contrário; na verdade, significava que deveríamos amá-los ainda mais. Incondicionalmente. Sem hesitar [...]”

—Pág. 133.

Acho muito prazeroso a experiência de leitura dos livros do Harlan, pois além de um suspense de roer as unhas até chegar na ponta dos dedos e não conseguir parar de roer, posso me encontrar com reflexões muito importantes para a nossa vida como seres sociais. O grande mérito de Harlan é justamente esse: conseguir ir além da própria ficção de seus livros e penetrar na crueza da realidade, tornando suas obras um banquete para a mente.

Os momentos de virada são diversos no enredo e o leitor ficará cada vez mais intrigado e motivado a chegar à conclusão do mistério. Cada ponto do enredo se ramifica em diversos caminhos que impossibilitam do leitor, por mais experiente que seja, antecipar a conclusão e deixa a resolução de tudo ainda mais impressionante, garantindo que possamos fechar o livro com um sorriso no rosto e a satisfação de uma ótima leitura! Este é um romance sobre até que ponto conhecemos as pessoas que estão perto de nós e se realmente vale a pena conhece-las completamente ou tentar. Então, caros leitores, será que um pouco de sombra sobre a vida às vezes não é indispensável? Recomendo este livro!